Anabela era a mais nova das 4 irmãs, filhas do casamento entre Adalberto e Maria José.
Maria José, por sua vez, era irmã de Odete, Francisco e João Carlos. Odete era a mais nova dos filhos de Sócrates e Marisol, uma Cabo-Verdiana fruto de uma relação insestuosa no Ultramar.
Marisol era uma mulher problemática - 180Kg de carne preta, olhos azul-banana, só uma orelha de um lado, do outro outra, 6 dedos nas duas mãos juntas (do tempo que trabalhou na serralharia Silva, e se cortou ao serrar madeira para fazer uma jangada!), e mamas de amplitude 299º (do joelho ao fundo das costas) - um verdadeiro camião cisterna...
Marisol toda a vida não conseguiu recuperar do tempo que passou em Cabo Verde, rejeitada pela família, e por todos os seus irmãos mortos pelo parasita da Leishmaniose canina; como retornada, nunca conseguiu orientar a sua vida.
Foi Sócrates, o marido, com o seu espírito de sacrifício (escova de palha de aço numa mão, sabão azul na outra), quem conseguiu manter a família unida. O típico núcleo famíliar português. Mãe bêbada, Pai doméstico!
Odete nasceu de uma noite de bebedeira, no dia do Casamento do irmão Francisco, quando, Marisol, enquanto bebia uma litrada de Sagres, agarrou Sócrates pelo pescoço, e num só gesto o enfiou por inteiro dentro da sua "boca do corpo".
Como passaram alguns dias até que alguém desse por falta de Sócrates, dentro daquela imensa gruta do amor, este resolveu "chicotear o golfilho" para passar o tempo (assim como qualquer mortal do sexo masculino, quando está em casa sem nada para fazer e tem a Playstation avariada). E foi deste pequeno e inocente gesto que se gerou Odete!
Anabela e Odete tinham uma diferença de apenas 2 anos de idade. Brincaram muitas vezes juntas, partilharam segredos e até as primeiras descobertas.
Foi justamente numa tarde de primavera, nas férias da Páscoa, que enquanto brincavam com o primo Zé Malho, descobriram pela primeira vez a "cobra"!
Zé Malho é hoje um cantor pimba de renome internacional, e responsável por êxitos como "Na minha banheira com ele", "Nós Toma", "Pão com marmelada" ou ainda "Ó Zé Malho, dá-me com o vergalho".
Foi no seu 10.º aniversário que Zé Malho tropeçou pela primeira vez no seu avultado bacamarte, enquanto cavalgava a sua bicicleta "Órbita", amarela e de amortecedor central vermelho.
Suas primas, que assistiram a esta catástrofe, foram as primeiras a chegar ao local do acidente para prestar primeiros socorros. Odete, num gesto protector, rapidamente acariciou a "cobra":
"A mãmã dá sempre beijinho quando eu tenho dó-dói!";
"Mas o primo está a sagrar do cotovelo!" - responde Anabela, de cara ofegante e rosada.
Zé Malho ainda hoje se recorda daquele momento de ternura familiar, e até compôs uma música em homenagem à prima: "Caí da biciclete, valeu-me a Odete!".
Foi nesse dia que Odete percebeu que era diferente das outras mulheres.
(continua...)